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26 11 2015

Quinta feira,   26  de novembro de 2015

pequeno-principe 

O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS

– Vai ver outra vez as rosas. Compreenderás que a tua é única no mundo. Quando voltares para me dizeres adeus, faço-te presente de um segredo.

O principezinho foi ver outra vez as rosas.

-Vocês não são nada parecidas com a minha rosa; Ainda não são nada, disse-lhes ele. Ninguém vos cativou, nem cativaram ninguém. Vocês são como era a minha raposa. Mas fiz dela minha amiga e agora é única no mundo.

As rosas ficaram muito aborrecidas.

– Vocês são belas, mas vazias, disse-lhes ainda o principezinho. Ninguém vai morrer por vocês. É certo que, quanto à minha rosa, qualquer vulgar transeunte julgará que ela se vos assemelha. Mas, sozinha, ela vale mais do que vocês todas juntas, porque foi ela que eu reguei. Porque foi ela que eu pus numa redoma. Porque foi ela que abriguei com um biombo. Porque foi por causa dela que matei as lagartas (exceto duas ou três para as borboletas). Porque foi ela e só ela que ouvi lamentar-se ou gabar-se, ou mesmo, por vezes calar-se. Porque é a minha rosa.

E voltando para junto da raposa:

– Adeus, disse ele.

– Adeus, disse a raposa. Vou dizer-te o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

– O essencial é invisível para os olhos,  repetiu o principezinho, a fim de se recordar.

– Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.

– Foi o tempo que perdi com a minha rosa… repetiu o principezinho, a fim de se recordar.

– Os homens esquecem esta verdade. Mas tu não deves esquecê-la. Ficas para sempre responsável por aquele que cativaste. És responsável pela tua rosa.

– Sou responsável pela minha rosa, repetiu o principezinho, a fim de se recordar.

 

Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho

Texto selecionado pela BE