Categoria ensino básico: texto nº 8
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A professora Trelawney aproximou-se do lume e viram que era extremamente magra. Os óculos enormes aumentavam-lhe os olhos, multiplicando várias vezes a sua dimensão natural e estava enrolada num xaile de gaze e lantejoulas. Vários fios e contas envolviam-lhe delicadamente o pescoço enquanto as mãos e os braços ostentavam pulseiras e anéis.
-Sentem-se, crianças, sentem-se. – disse. E todos eles subiram desastradamente para as cadeiras ou afundaram-se nos poufs. Harry, Ron e Hermione sentaram-se em volta da mesma mesa redonda.
-Bem-vindos à Adivinhação – disse a professora Trelawney que se sentara numa poltrona de orelhas em frente do lume. - Eu sou a professora Trelawney. É provável que nunca me tenham visto. Eu desço poucas vezes para a multidão da escola. Obscurece a minha visão interior.
Ninguém abriu a boca a esta extraordinária informação. A professora Trelawney compôs delicadamente o xaile e continuou: – Então vocês escolheram estudar Adivinhação, a mais difícil de todas as artes mágicas. Devo prevenir-vos, já no começo, de que se não tiverem a visão, não poderei ensinar-vos grandes coisas. Os livros só nos levarão longe nesta matéria se …
Ao ouvir estas palavras, Harry e Ron olharam um para o outro, sorrindo á Hermione que estava estarrecida com a ideia de os livros não poderem ajudá-la naquela matéria.
– Muitas bruxas e feiticeiros bastante talentosos na área dos sons agudos, dos cheiros e dos desaparecimentos súbitos, mostraram-se incapazes de penetrar nos mistérios velados do futuro – prosseguiu a professora Trelawney com os seus olhos enormes e brilhantes, saltando de um para outro rosto ansioso. É um dom que muito poucos possuem. Tu, rapaz – disse dirigindo-se ao Neville que quase caiu do pouf abaixo. – A tua avó está bem?
Acho que sim – respondeu o Neville a tremer.
Eu, no teu lugar, não teria tanta certeza, filho – disse a professora Trelawney com a luz a brilhar nos seus longos brincos de esmeraldas.
Neville engoliu em seco. A professora prosseguiu tranquilamente: – Abordaremos este ano os métodos básicos de adivinhação. O primeiro período será dedicado á leitura nas folhas de chá. No período seguinte evoluiremos para a quiromancia. A propósito, minha querida – dirigiu-se a Parvati Patil -, cuidado com o homem de cabelos ruivos.
Parvati olhou de esguelha para o Ron que estava mesmo atrás dela e afastou a cadeira.
– No período de Verão – continuou a professora Trelawney – passaremos às bolas de cristal, se já tivermos terminado os presságios de fogo, claro. Infelizmente as aulas serão interrompidas em Fevereiro por um surto de gripe em que eu própria ficarei afónica. E, pela Páscoa, um de nós deixar-nos-á para sempre.
Um silêncio angustiante seguiu-se a esta informação, mas a professora Trelawney pareceu não dar por isso. – Será que poderias, minha filha – pediu a Lavender Brown que estava mais próximo dela e estremeceu na cadeira -, passar-me o bule maior de prata?
Lavender, com um ar aliviado, levantou-se, retirou o enorme bule da prateleira e pousou-o sobre a mesa em frente da professora Trelawney.
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Categoria ensino secundário: texto nº 8
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-Como é que aguentas?
Sofia acenou-lhe com a mão e prosseguiu. Mas não andara muito quando viu uma rapariga sentada sozinha debaixo de uma árvore grande. A pequena estava vestida com andrajos e parecia pálida e doente. Quando Sofia passou, enfiou a mão num pequeno saco e tirou uma caixa de fósforos.
-Queres comprar fósforos? -perguntou.
-Quanto custam?
Sofia deu a coroa à pequena e ficou imóvel com a caixa de fósforos nas mãos.
-És a primeira pessoa que me compra alguma coisa há mais de cem anos. Às vezes, passo fome, às vezes, fico com frio.
Sofia pensou que não era de admirar que a pequena não conseguisse vender fósforos no meio do bosque. Mas lembrou-se do homem de negócios rico. A rapariga não tinha necessidade de passar fome, se ele tinha tanto dinheiro.
-Vem comigo – disse Sofia.
Pegou na mão da pequena e levou-a consigo para junto do homem rico.
– Tens de fazer com que esta rapariga tenha uma vida melhor – afirmou.
O homem levantou os olhos dos seus papéis e declarou:
-Isso custa dinheiro, e eu já te disse que não se pode desperdiçar um centavo sequer.
-Mas é injusto que tu sejas tão rico e ela tão pobre – insistiu Sofia.
-Que disparate! Só há justiça entre iguais.
-O que queres dizer com isso?
-Eu venci pelo trabalho e o trabalho deu os seus frutos. Chama-se a isso progresso.
-Vejam só!
-Se não me ajudas, eu morro – disse a rapariga pobre.
O homem de negócios voltou a levantar os olhos dos papéis. Depois, atirou com a pena para a mesa num gesto impaciente.
-Tu não fazes parte da minha contabilidade. Por isso, vai para o asilo.
-Se não me ajudas, incendeio o bosque – disse a rapariga pobre.
O homem só então se levantou da sua escrivaninha, mas a rapariga já tinha acendido um fósforo. Levou-o a alguns tufos de erva seca que se incendiaram imediatamente.
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