Sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Exemplo de crónica de imprensa
Esperança gramatical
Quarta-feira, 6 de junho de 2012
E quando o leitor pensava que já tinha ouvido tudo acerca da crise, de repente fica a saber que, gramaticalmente, é muito difícil que Portugal vá à falência. E, enquanto for gramaticalmente impossível, eu acredito. Justifico esta ideia com a seguinte teoria fascinante: normalmente, considera-se que o verbo falir é defetivo. Significa isto que lhe faltam algumas pessoas, designadamente a primeira, a segunda e a terceira do singular, e a terceira do plural do presente do indicativo, e todas as do presente do conjuntivo. Não se diz “eu falo”, “tu fales” nem “ele fale’ Não se diz “eles falem’ Todos os modos e tempos verbais do verbo falir se admitem, com exceção de quatro pessoas do presente do indicativo e todo o presente do conjuntivo. Em que medida é que isto são boas notícias? O facto de o verbo falir ser defetivo faz com que, no presente, nenhum português possa falir Não é possível falir, presentemente, em Portugal. […]
Bem sei que o Prof. Rodrigo Sá Nogueira, assim como outros linguistas, se opõem a que o verbo falir seja considerado defetivo. Mas essa é uma posição que tem de se considerar antipatriótica. É altura de a gramática se submeter à economia. Tudo o resto já se submeteu.
Crónica de Ricardo Araújo Pereira
in http://visao.sapo.pt/esperanca-gramatical=f668526
(consultado em 15-04-2013, com supressões)
Texto selecionado pela Prof. Alcinda Magalhães